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Mundo das coisas, pessoas, palavras e imagens




Zulu (idem). Reino Unido, 1964. De Cy Endfield. Com Stanley Baker, Jack Hawkins, Ulla Jacobson, James Booth e Michael Caine. 138 min.




Contraditoriamente, filme permite entender muito mais os europeus que os zulus

 
De início, temos que o filme "Zulu" é uma produção britânica feita em 1964. Disso, partimos para duas observações: trata-se de um filme feito logo após a descolonização da maioria dos países africanos e produzido por uma antiga potência colonialista, qual seja, a Grã-Bretanha.

Ele nos conta a história real da luta de aproximadamente cem soldados ingleses para defender um forte contra quatro mil guerreiros zulus, em 1879, no sul da África (na verdade, não a história real, mas uma representação desta). Os heróis são os ingleses e os zulus, os vilões. Essa dualidade vilões x mocinhos é fácil de compreender analisando um pouco do contexto histórico.





Ora, "Zulu" foi produzido tardiamente, no fim do processo de descolonização, deixando o filme com uma marca pesada de saudade do colonialismo. Várias características colonialistas/imperialistas estão presentes. Porém a mais marcante é essa: uma produção feita por uma antiga potência imperialista para relembrar tempos áureos de seu domínio.

No início do filme vemos os zulus realizando uma espécie de "casamento comunitário", na visão de um missionário protestante sueco e sua filha. Ambos vêem a cerimônia, as danças e cantos zulus de uma forma pitoresca, carnavalesca, com as características do exótico e estranhamento, que tanto marcou a relação da Europa com a África. Tais cenas duram um bom tempo. Será que retratam fielmente os zulus? O choque de culturas, a julgar pela direção e roteiro do filme, é analisado única e exclusivamente pela visão ocidental. Mas essa é apenas uma das características etnocêntricas do filme.

Os poucos ingleses contrastam com os milhares e milhares de zulus, que vinham de um "massacre" sobre tropas inglesas em Isandlwana. Empolgados com essa vitória, um exército zulu agora parte para Rorker's Drift, onde estão os cem soldados ingleses e pai e filha missionários.







Cada personagem inglês ou europeu é bem delineado em seus conflitos, dilemas, coragem e covardia. Já os zulus formam uma massa amorfa de soldados, sem individualidade. Assim eram vistos os africanos pelos europeus: negros primitivos que precisavam ser civilizados e cristianizados.

Não é à-toa que, em determinado momento, os ingleses se surpreendem ao ver os zulus portanto armas de fogo. Logo depreendem que aquelas armas foram tomadas dos próprios ingleses na vitória em Isandlwana; pois os guerreiros zulus utilizam como armas um escudo grande e uma lança; seus guerreiros eram chamados de "impi".

O tom épico do filme realça os heróicos ingleses e, no começo da batalha, um personagem boêr que conhece bem os zulus afirma, após os zulus perderem vários guerreiros gratuitamente, vítimas de tiros ingleses: "o chefe deles está apenas querendo saber o poder de fogo de vocês. Ele não se importa em perder homens por isso". Essa frase é sintomática, pois denota, entre outras coisas, a idéia de que uma vida inglesa vale muito mais que as vidas zulus (africanas). O massacre inglês sobre os zulus é evidente: a civilização vence a barbárie.

Ainda que o filme retrate canções e atos de guerra dos zulus, aspectos culturais, etc., "Zulu" mantém-se firmemente um filme colonialista. De fato, à sua época (1964), a historiografia — e a cultura ocidental, claro, corroborada pelo cinema — eram mais fechadas a ver de perto a África. O filme vale, no fim das contas, mais como curiosidade histórica. Até porque nunca se notabilizou como grande cinema; sua direção e roteiro ficam aquém de outras produções anteriores de história e guerra. Vendo hoje, mais de cinqüenta anos depois, o filme soa tosco, em vários sentidos.

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Um rapaz formado em Direito, estudante de História, que trabalha em banco e escreve livros de RPG".

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