Casablanca - clássico é clássico


Casablanca (Idem). EUA, 1942. De Michael Curtiz. Com Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Claude Rains, Paul Henreid e Conrad Veidt.

Clássico é clássico

Já dizia o jogador de futebol: clássico é clássico e vice-versa.
Assim é “Casablanca”: por qualquer lado que enxerguemos, perceberemos que a nenhum outro filme hollywoodiano a expressão “clássico” cai tão bem. Por que o filme de 1942 encanta tanto, e tantos?
Nenhum outro reteve tantas frases famosas. Até hoje, dizemos frases direta ou indiretamente presentes no filme – sem sabermos. Você já deve ter escutado ou dito algo como “nós sempre teremos Paris”. Não Paris, literalmente falando, mas Fortaleza, Sampa, Morros, etc. Enfim, um lugar onde você se apaixonou perdidamente por alguém, e que hoje está na lembrança, imortalizado.
Ou ouviu ou pensou consigo mesmo: “Fulano, acho que esse é o começo de uma grande amizade...”
Essas são apenas palhinhas de um roteiro maravilhoso, escrito por várias mãos, vencedor do Oscar. Os diálogos do filme são inteligentes e certeiros, quando assim convém.
Na cidade de Casablanca, na colônia marroquina da França colaboracionista de Vichy, quase tudo acontece no Rick’s, bar/cassino/restaurante de Richard (Humphrey Bogart). É lá que Rick reencontra sua grande paixão – Ilsa (Ingrid Bergman) – “com tantos botequins e espeluncas no mundo, ela veio parar justo aqui”. Os dois amaram-se em Paris, mas quando da invasão alemã à cidade, desencontraram-se. Agora, Ilsa está casada com Victor Lazlo, herói da resistência tcheca contra os nazistas.
Claude Rains faz o chefe de polícia da cidade, o Capitão Renault. Ele é o melhor de um elenco excepcional; seu personagem é corrupto e cínico, ora agradando nazistas, ora fazendo vista grossa ao mercado negro de vistos. Afinal, quem vai a Casablanca geralmente tem um objetivo: obter um visto para poder viajar para Lisboa e, de lá, ir para os Estados Unidos, fugindo da guerra que assola a Europa. O Marrocos é neutro na guerra, mas nada naqueles tempos conseguia ser 100% assim. Longe disso.
É nesse cenário que os ex-amantes se reencontrarão, durões se mostrarão sentimentais e a neutralidade à guerra estará posta à prova. Um dos momentos mais emocionantes de “Casablanca” é justamente quando alguns nazistas começam a cantar o hino alemão, mas logo são vencidos pelo hino francês “A Marselhesa”; uma das figurantes chora enquanto canta, um choro verdadeiro, espontâneo, de emoção.
Do mesmo modo, clássica é a canção “As Time Goes By”, cantada por Sam (Dooley Wilson). Essa é a música de Richard e Ilsa, do mesmo modo que Paris é cidade deles. Ao rever Sam em Casablanca, sabendo que lá Richard está, Ilsa pede categoricamente: “Play ‘As Time Goes By’. Play it again, Sam”. Já Rick, ao ouvir a canção, diz: “Sam, I told you never to play this song again…” – até que seus olhos cruzam com os de Ilsa. Essas duas passagens resumem o modo como cada um deles lida com a impossibilidade de ficarem juntos.
Michael Curtiz foi um diretor muitas vezes subestimado, mas ganhou o Oscar por Casablanca. Aqui, provou mais uma vez ser um dos melhores e mais seguros diretores de estúdio de sua época.

Setenta anos depois, “Casablanca” ainda ferve no coração dos apaixonados e dos cinéfilos.

Cotação: êêêê (excelente)

Para ilustrar, um video com a famosa cena de “A Marselhesa”, um dos melhores momentos da história do cinema. Casablanca é tudo. Romance, suspense, sentimento, luta.




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1 comentários

  1. Esse filme traduz perfeitamente momentos amorosos em que muitos de nós já vivenciamos. É frequente você se apaixonar por alguém, viver intensamente o amor e aí os contornos da vida acaba mudando a beleza desse sentimento. Acontece então, aquelas despedidas,a saudade, a distância e até mesmo em situações mais extrema...a perda de contato. Porém, quando se ama, temos que ter esperança, pois só assim que aquele sonho pelo reencontro torna-se cada mais real e a história de amor sai da ficção e vira realidade. E isso fica notório no filme.

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