Crítica de filme - CONAN, O Bárbaro (2011)

Conan - O Bárbaro
EUA, de 2011. De Marcos Nispel . Com: Jason Momoa e Ron Perlman


Conan, versão 2011 - O Desastre


Cotação: Ä (ruim)


Você assistiu aos episódios de “Hércules” e “Xena – A Princesa Guerreira”, que passavam na TV? O primeiro estrelado por Kevin Sorbo e o segundo por Lucy Lawless? Se sim, ao assistir “Conan – O Bárbaro”, talvez você note algumas semelhanças, tais como: cenários medievais parecidos, com tavernas cheias de guerreiros, bêbados e dançarinas estilizados; figurino formado por roupas de couro e pele... Adicione a essa programação trash – que até funciona na TV – muito sangue e violência, ritmo de videogame e bons efeitos especiais e você terá algo parecido com Conan, versão 2011.

Kevin Sorbo e Lucy Lawless são carismáticos, e em parte o sucesso de seus programas deve-se ao carisma deles e dos intérpretes de Iolaus e Gabrielle, seus melhores amigos, respectivamente. Os efeitos especiais, porém, são risíveis, conseqüência de um orçamento pequeno. Mas efeitos especiais são secundários ante bons atores, bons personagens e bons diálogos.

A nova versão de Conan fracassa em tudo. Os atores são péssimos e o roteiro, apesar de escrito por três pessoas, é uma ode aos clichês baratos dos filmes do gênero. Temos Conan, guerreiro truculento que só pensa em vingar-se da morte do pai; o vilão, que só pensa em dominar a todos, para isso precisando ressuscitar sua amada, queimada viva por bruxaria; a bela e angelical mocinha, que se revela boa combatente; o ladrão esperto, de inglês precário, escape para a comédia; o amigo do herói, a ele ligado por laços de honra. A direção é precária, de modo que as cenas de batalha são mal filmadas. Escorrem sangue, tripas, mas faltam imaginação e câmeras bem posicionadas. Tão ruim quanto é a direção de arte – figurino, maquiagem, etc. Até a cena “quente”, de sexo, não funciona, de tão ruins os ângulos capturados pela câmera. É pudicíssima, comparada com a violência de brincadeira do resto do filme. Assim me parece os Estados Unidos hoje: austero no sexo e palavreado, escatológico na violência.

O filme soa um tanto amadorístico, tanto quanto as séries de TV de que falamos acima; só que, para elas, isso constituía seu “charme”. Aqui, não, há várias gratuidades e charme nenhum.

Em 2011, os produtores e os diretores de filmes trabalham para um espectador pouco exigente, embrutecido e, na visão deles, menos inteligente. É como se qualquer coisa pudesse ser bem digerida pelo espectador, contanto que possua bons efeitos especiais alinhados a bom marketing. Conan, 2011, celebra a falta de criatividade e inteligência da Hollywood de sua época.

Enfim, o Conan, de 1982, de John Millius, mostrou a que veio e tinha algo a dizer. É cinema bem-feito, de qualidade, apesar dos efeitos especiais fracos. Têm cenas primorosas: a morte da mãe de Conan; Thulsa Doom e seus atos e falas pausadas, além de sua magia, como por exemplo a que transforma uma cobra em flecha; o ataque dos demônios que tentam tirar a vida de Conan. Com muito menos sangue e cenas de ação, Conan, de 1982, tem contraditoriamente mais ação que sua versão de 2011. Isso porque sua violência não ordinária e vulgar retém mais o interesse do espectador e faz com que várias cenas permaneçam em sua memória.

Quem formava o elenco em 1982? Arnold Schwarzenegger, James Earl Jones e Max Von Sidow, além de outros. Precisa dizer mais?

Ninguém do elenco de 2011 se destaca ou engrenará sua carreira a partir dessa versão, como em 1982 o filme alavancou a carreira de Scharzwarzenegger. A partir de “Conan, O Bárbado” e “Conan, o Destruidor”, ele faria mais tarde “O Exterminador do Futuro”, “Comando Para Matar”, “O Predador” e “O Vingador do Futuro”, consolidando-se como ator do primeiro time de Hollywood.

James Earl Jones e Max Von Sidow dispensam comentários, são lendas vivas do cinema. O veterano na versão de 2011 é Ron Perlman, que nunca se destacou como ator.

Não esqueçamos da trilha sonora do filme original, excelente, composta por Basil Poledouris.

Conan, de 1982, tem 129 minutos e um ritmo bem mais lento que os filmes de 25-30 anos depois. A versão 2011 é mais curta e seu ritmo tão descerebrado que não dá tempo de criarmos afeição ou antipatia com qualquer personagem. A todo momento mudam os cenários, surgem novas batalhas... mas sem criatividade e originalidade. Vêm uma nova batalha, então prepare-se: cabeças serão esmagadas, braços decepados, sangue, sangue, sangue...


Assistido em 03 de outubro de 2011, no Box Cinemas, São Luís-MA


You May Also Like

0 comentários