Crítica de filme - AVATAR (2009)

AVATAR (EUA, 2009)
De James Cameron. Com Sam Worthington e Sigourney Weaver.


Cotação: Ä (ruim)


Escolha o clichê. General obcecado por guerras que quer destruir os nativos de um novo mundo? Temos o espanhol Cortéz e a destruição do Império Azteca. Jovem executivo encarregado de empreendimento trilionário de exploração de riquezas em outro planeta (madeira, ouro, petróleo...)? – Sim, e enquanto seus milhares de subordinados trabalham, preocupa-se mais em dar tacadas de golfe (e ainda por cima comanda tudo com a competência de um apadrinhado de Sarney). Ex-militar que encontra sua segunda chance baseando-se no mito do “bom selvagem” e comunhão com uma sociedade simples, que vive em harmonia com a natureza? – Pocahontas, talvez. Cientistas que lutam contra o poder dos militares e das corporações, cuja ganância pode arruinar todo um mágico universo a ser pesquisado? – Você vê isso quando assiste noticiários sobre a destruição das florestas tropicais. Um futuro em que a exploração espacial é dominada pelos norte-americanos, corroborada por exemplos em que um general a dado momento diz que Pandora não é o “Kansas”, e quando um soldado afirma ter no currículo lutas na Nigéria e Venezuela? – Mais um filme de uma aldeia global liderada por norte-americanos (qualquer lembrança com o excelente “Tropas Estrelares”, de Paul Verhoeven, é só coincidência). Ainda sobram rolos das quase três horas de filme para um amor quase impossível acontecer...

Está aí um pouco de “Avatar”, superprodução de James Cameron em 3D, que se tornou o filme mais caro, de maior bilheteria e o mais rentável de todos os tempos. Mas é também o que sobra quando os efeitos 3D cansam o espectador – coisa que, no meu caso, demorou uns 15 minutos.

James Cameron teve a intenção de criar todo um mundo novo, via computação gráfica. Seres humanóides, os na’vi, habitam o planeta Pandora, lugar lindo, selvagem e perigoso, mas que possui em seu subsolo mineral riquíssimo para os homens. O diretor-roteirista criou espécies inteligentes, plantas, animais, mitologia... nada que George Lucas não tenha feito melhor em “Guerra nas Estrelas”. É espantoso, aliás, como Pandora, que lembra uma imensa floresta tropical, nos mostre uma biodiversidade animal tão pequena. A fauna mostrada é reduzidíssima.

Estranho como um filme com roteiro tão fraco tenha feito tanto sucesso. O que vemos, quando nos debruçamos sobre a história, são clichês amontoando-se em clichês. Mas o diretor parece não se preocupar com isso, e sim com o visual pretensamente estarrecedor que criou. Não é por acaso que, em dado momento, uma personagem diz aos colegas: “vocês vão ficar de queixo caído quando olharem isso”. Tal sintetiza a mensagem que James Cameron, “the King of the World”, quer passar aos espectadores. É muito pouco.

São Luís, 12 de março de 2010.

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