Crítica de Filme - O VINGADOR DO FUTURO (2012)


O Vingador do Futuro (Total Recall)

EUA / Canadá, 2012. De Len Wiseman. Com Colin Farrel e Kate Beckinsale. No futuro, operário descobre que sua memória foi apagada e implantada outra em seu lugar. 121 min.


Filme não vale a pena


22 anos depois surge nova versão de “O Vingador do Futuro”, filme originalmente dirigido pelo holandês Paul Verhoeven em 1990, contando, no elenco, com Arnold Schwarzenegger e Sharon Stone.

Trata-se de uma releitura do original. O roteiro das versões tem muitas diferenças. No primeiro, o agente secreto que teve sua memória apagada (Arnold Schwarzenegger) e outra implantada em seu lugar orbitava entre a Terra e Marte – que fora colonizado por humanos mutantes de segunda categoria, agora ameaçados pela retirada do oxigênio do planeta por um vilão.

No filme de Len Wiseman (Anjos da Noite), o papel que fora de Schwarzenegger coube a Colin Farrel. Num futuro em que grande parte da Terra tornou-se inabitável por conta de uma guerra química (?), o planeta se divide entre a Federação Unida da Bretanha (mais ou menos a atual Grã-Bretanha) e a Colônia (mais ou menos a Austrália). Na Colônia moram os humanos de baixo status social, muitos dos quais trabalham na Bretanha. A distância de milhares de quilômetros é percorrida em poucos minutos, por uma espécie de metrô. Dylan Quaid (Colin Farrel) é um desses renegados que trabalha numa linha de montagem de robôs-policiais e todo dia faz o caminho de casa à fábrica pelo túnel. Dylan tem uma bela e dedicada esposa, mas possui pesadelos recorrentes, nos quais se vê perseguido por policiais enquanto tenta escapar deles junto com uma mulher. Quando resolve implantar no cérebro lembranças fictícias na empresa Recall, passa a ser perseguido de verdade.

A relação entre a pátria-mãe e a colônia, porém, está estremecida, pois grupos terroristas da colônia reivindicam tratamento igualitário entre moradores das duas regiões.

Assim, o contexto das versões é diferente – por isso utilizei o termo “releitura”. Tal palavra, porém, traz idéia de algo novo, diferente e vanguardista. Não é o caso aqui.

O novo “Vingador...” peca pela falta de ousadia, pelos furos do roteiro e pela mão pesada da direção. A história do policial que resolve mudar de lado e passa a proteger quem deveria combater é batida. Apesar do contexto diferente da versão anterior, seu visual futurístico não é novo. Vi nele toques do clássico “Blade Runner” (1982) e do recente “Padre” (2011). Pega ainda muito emprestado de “Star Wars Episódio II – O Ataque dos Clones” (2002). Essa mistura resultou num visual de computação gráfica por vezes grosseiro.

As cenas de ação são longas e comuns, privilegiando efeitos especiais e correrias desnecessárias. Quase não se vê sangue, evidenciando preocupação com a censura.

Cenas primorosas do original foram deixadas de lado, como a da mulher cuja cabeça anuncia uma granada. Outras, como a célebre mulher mutante de três peitos, aqui soaram forçadas. A infantilidade da nova versão não combina com ousadias como essas.

Paul Verhoeven ousou em seus filmes de ficção científica. Além de “Vingador...”, são dele “Robocop” (1987) e “Tropas Estrelares” (1997), além do menos bem sucedido “O Homem sem Sombra” (2000).

Surge então a pergunta: por que refazer um clássico recente da ficção científica? Milhões de dólares e muita energia foram gastos numa produção cheia de clichês e pouco atrativa. Características que o filme de Paul Verhoeven não possui.


Cotação: Ä (ruim)


Assistido em 20 de agosto de 2012

You May Also Like

0 comentários