Críticas-pílula: De Repente, Califórnia; Fúria de Titãs (1981); Os Vingadores


Oswald de Andrade criou o “poema-pílula”. Tratava-se de poemas pequenos, normalmente com tom de humor e acentuanda ironia – além de revolucionária linguagem. Seguem abaixo dois deles:

Vício na fala

“Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados...”

O Capoeira

“- Qué apanhá, sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada”

Tomando sua idéia por base, escreverei algumas críticas de filmes chamadas “crítica-pílula”. Serão textos curtos, informais, sobre filmes, dados aos leitores em pequenas doses. Cada tópico terá três “críticas-pílula”, sendo este o inaugural.



De Repente, Califórnia (Shelter). EUA, 2007. De Jonah Markowitz. Com Trevor Wright e Brad Rowe.
O filme é sincero e honesto, um tanto verossímil. O diretor soube contar uma história de conteúdo gay com ritmo e frescor. Mas nem por isso o filme perdeu em profundidade; tampouco descambou para a ingenuidade e “olha-como-todo-homossexual-deveria-ser-para-ser-aceito”. Não existe em “Shelter” aquele fogo típico dos filmes de Almodóvar e nem a paixão tórrida de um “Felizes Juntos”. Mas há sabor de praia e de uma boa balada como as de Jack Johnson. Não é pouco, e o filme merece ser apreciado.
“Shelter”, aliás, o título original do filme, significa algo como “abrigo”. Em outras palavras, representa um porto seguro. É disso que os personagens principais do filme precisam para tocarem suas vidas e serem felizes.

Cotação: êêêê (excelente)




Fúria de Titãs. (Clash of the Titans). Reino Unido, 1981. De Desmond Davis. Com Laurence Olivier, Claire Bloom, Maggie Smith, Ursula Andress e Harry Hamlin.
Até hoje “Fúria de Titãs”, de 1981, tem fãs pelo mundo todo. O filme foi criação principalmente de Ray Harryhausen, o mestre por trás das criaturas mitológicas como Medusa, escorpiões gigantes, o kraken e a coruja Bubo. Ele narra a luta de Perseu, o filho de Zeus, que, para salvar sua amada Andrômedra e sua cidade do Kraken, precisa matar e trazer a cabeça da perigosa medusa. Na epopéia destacam-se os efeitos visuais, mas o tempo mostrou que o roteiro e o ritmo do filme são duas outras jóias. A cena em que Perseu enfrenta a Medusa prima não só pela concepção da criatura, mas por seu ritmo lento e pela dificuldade e medo do filho de Zeus em enfrentar um monstro tão perigoso quanto o próprio Kraken. O esmero de toda a equipe em fazer um bom filme foi algo que faltou na versão de 2010 – que é bem ruim.
O elenco que interpreta os deuses do Olimpo é uma constelação de astros, merecendo destaque Sir Laurence Olivier como Zeus.

Cotação: êêê (ótimo)



Os Vingadores – The Avengers (The Avengers). EUA, 2012. De Joss Whedon. Com Samuel L. Jackson, Robert Downey Jr., Mark Ruffalo e Scarlett Johansson.
Filmes de super-heróis nunca foram minha preferência, mas “Os Vingadores” me surpreendeu positivamente por vários aspectos. Um deles é sua duração e ritmo: são 142 minutos que não deixam o filme perder o ritmo nem virar só pancadaria e efeitos especiais. O elenco é excelente e a concepção dos heróis ótima. Todos eles têm espaço, mas quem ganha a tela são o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Hulk (Mark Ruffalo) e a Viúva-negra (Scarlet Johansson). Quando entram em cena se destacam dos demais, seja pelo intérprete, seja pelas situações vividas pelo personagem. Os diálogos são ótimos e certeiros, os efeitos especiais de primeira, as batalhas legais, e o filme alterna ação com ironia e comédia.
A Marvel produziu um filme digno de suas histórias em quadrinhos. Enfim, "Os Vingadores" é bem produzido, escrito e atuado, tanto que logo terá uma continuação. Bola dentro.

Cotação: êêê (ótimo)

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