Críticas-pílula: O Grande Ditador


O Grande Ditador (The Great Dictador). EUA, 1940. De Charles Chaplin. Com Charles Chaplin, Paulette Goddard e Jack Oakie.

Charles Chaplin e Adolf Hitler tinham coisas em comum: ambo nasceram em 1889. Mais que isso, o vagabundo Carlitos se parecia muito com o ditador, porém só fisicamente. A doçura e humanidade de Carlitos contrastavam com o ódio e a brutalidade de um dos mais terríveis governantes que o mundo conheceu.
Chaplin, um dos principais nomes do cinema americano, realizou “O Grande Ditador” em 1940 – ano em que Hitler invadira e derrotara a França, e bombardeava pesadamente os britânicos, espalhando a guerra pela Europa. No filme, O ditador da “Tomânia” (Alemanha), Adenoyd Hynkel, é uma sátira direta a Adolf Hitler. Mas nem assim Chaplin deixava o humor de lado: sua imitação de Hitler é perfeita e hilária, com seus discursos tresloucados e sua pateticidade de um homem comum. São clássicas cenas como o ditador e seu balé com o globo terrestre, seus acessos de fúria e sua infantilidade junto ao ditador da Bactéria (leia-se Itália), Napoloni – cópia do ditador Benito Mussolini.
Nessa época entre-guerras, marcada por grandes crises, Carlitos é o barbeiro judeu que, após anos internado num hospital psiquiátrico em decorrência de um trauma da Primeira Guerra Mundial, volta à sua casa. Há uma ótima cena na barbearia, em que o barbeiro faz a barba de um careca no compasso de uma música clássica. Mas as coisas mudaram. No governo de Hynkel, os judeus são perseguidos na Tomânia e os policiais que deveriam manter a ordem fazem é aterrorizar a população. Como um visionário, Chaplin alertava ao mundo a loucura e tristeza que a guerra provoca na vida das pessoas.
O discurso final é uma linda ode à democracia, à liberdade e à urgência de não nos deixarmos viver sob governos cruéis.
Relembrando: tudo isso foi feito em 1940, quando a Alemanha caminhava para vencer a guerra na Europa. Chaplin mostrou que não cria nisso quando fez questão de ridicularizar a figura pessoal de Hitler e seu regime Nazista. Por isso, na minha opinião “O Grande Ditador” é um dos filmes mais corajosos da história.

Cotação: êêêê (excelente)

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