Guerra - Números, Imagens e Palavras
A
Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi o maior e mais destrutivo conflito
militar da história. Todos temos informações sobre o conflito, eu coleciono
várias. Mas informações de que tipo? De início, eu checava números sobre os
exércitos, o tamanho das populações e o número de mortos de cada país, na
guerra. Por exemplo, a Polônia, retalhada pelas tropas dos dois maiores
monstros do século XX, Hitler e Stálin, perdeu 5 milhões de habitantes, algo
como 15% da população do país. Os soviéticos tiveram mais de 20 milhões de
mortos, os alemães, 7 milhões, os britânicos 450 mil, e a Finlândia, com apenas
3,5 milhões de habitantes, viu morrer 97 mil de seus cidadãos. Trata-se de números.
Vários
de nós já viu imagens dessa guerra em fotografias e filmes, como as dos
japoneses mortos e queimados após o ataque nuclear norte-americano e os judeus em
campos de concentração, só pele, osso e sofrimento.
Mas
foi lendo que eu senti o maior impacto da guerra. Estou lendo o livro “Inferno:
O Mundo em Guerra 1939-1945”, de Max Hastings, editora Intríseca. Veja o
trecho, um depoimento de uma enfermeira polonesa, pouco após a invasão da
Polônia pelos nazistas:
“‘A
procissão de feridos vindos da cidade era uma infindável marcha da morte. As
luzes se apagaram, e todos nós, médicos e enfermeiras, tivemos de andar com
velas nas mãos (...) era uma tragédia após a outra. Em um desses casos, a
vítima era uma menina de 16 anos. Tinha cabelos dourados lindíssimos, o rosto
delicado como uma flor, e seus lindos olhos azuis, cor de safira, estavam cheios
de lágrimas. As duas pernas, até o joelho, foram reduzidos a uma massa sangrenta,
onde era impossível distinguir osso e carne; ambas tiveram que ser amputadas
acima dos joelhos. Antes que o cirurgião começasse, debrucei-me sobre aquela
menina inocente para beijar a testa pálida, passar as mãos impotentes em seus
cabelos dourados. Ela morreu, serena, do decorrer da manhã, como uma flor
arrancada por uma mão impiedosa.’” (pág. 32)
Após
tanto ler sobre o tema, foi aí que eu comecei, tardiamente, a perceber o
significado da guerra.
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