Crítica de filme - Um Estranho no Lago
Um Estranho
no Lago (L'Inconnu du Lac). França, 2013. De Alain Guiraudie. Com Pierre de
Landonchamps, Christophe Paou e Patrick d'Assumção.
Assistir
"Um Estranho no Lago" é uma experiência diferente e, dependendo de
quem assista, gratificante. Se você tem preconceito contra histórias gays,
ainda mais se passadas num local de pegação e com cenas de sexo explícito, não
assista; esse não é seu tipo de filme.
Toda
o filme se passa numa praia de lago e seus arredores, onde gays vão tomar
banho, pegar sol e, principalmente, se pegar... e é aí que um assassinato
acontece.
Acompanhamos
principalmente dois personagens: Franck, jovem homossexual nato, e Henri, mais
velho, com quem ele faz amizade, mas que está lá apenas para relaxar e não
pensar nos problemas.
As
imagens, a iluminação e os sons do cenário são primorosos. Ditam o ritmo do
filme, dando ao espectador cumplicidade com o lugar e seus personagens. Entre uma
cena e outra, o diretor corta para as águas calmas do lago, o farfalhar das
árvores ao vento, a claridade... são pequenas pausas na história que contribuem
para nos "magnetizarmos" com o filme.
Guiraudie
é ainda muito habilidoso em construir a rotina: por exemplo, repete várias
vezes a cena de Franck estacionando seu carro próximo ao lago, sempre no mesmo
lugar. Por meio disto, temos idéia de quantas pessoas lá estão, quais os carros
dos freqüentadores, o horário do dia, etc. A cena se repete mas é sempre
interessante.
Precisava
o filme ter cenas de sexo explícito? Para mim, não, mas dá para entender o
porquê de haver. Não se trata de apelação ou de "sexo artístico".
Tamanha é a naturalidade com que o diretor e roteirista Guiraudie encara os
personagens e o cenário, que com o sexo não poderia ser diferente. O sexo,
enfim, é um complemento ao resto.
O
problema são os dez minutos finais, quando o ritmo cadenciado é jogado água
abaixo. Uma pena que coloque a perder todo um diferencial minuciosamente
construído.
Cotação: êêê (ótimo)
OBS:
Para mim, as melhores partes do filme são as conversas entre Franck e Henri e a
descompostura que o detetive passa em Franck.
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