Crítica de Filme - Guardiões da Galáxia




Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy). Estados Unidos, 2014. De James Gunn. Com Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista e vozes de Vin Diesel e Bradley Cooper. Participações especiais de Glenn Close, John C. Reilly e Benicio Del Toro.


Resumir "Guardiões da Galáxia" a arrasa-quarteirões da Marvel, "blockbuster" que custou US$ 170 milhões e arrecadou mais de US$ 700 milhões, é ser injusto com o filme. Tais números corroboram a idéia de que a Marvel entrou de cabeça para o mundo do cinema, sim, mas "Guardiões..." é mais que isso: é um ótimo filme cujas qualidades não aparecem evidentes à primeira vista.

Seus heróis são cinco desajustados de fato, perdedores, mas num contexto totalmente espacial, que exceto pelo comecinho não envolve a Terra - ou uma representação cabal dela. Filmes que misturam heróis e ficção científica costumam envolver diretamente o planeta, caindo na armadilha de confundi-lo com os Estados Unidos. Outro senão é fazerem um julgamento moral muito forte dos heróis e vilões e do Universo a partir de nós mesmos.

O filme foge disso e ganha uma personalidade debochada e descompromissada. Os defeitos mais-que-visíveis e às vezes ridículos dos heróis ajudam a torná-los mais cativantes. "Guardiões..." lembra em vários aspectos "Star Wars", mas sem toda aquela pompa mitológica que envolve a saga de George Lucas e que com freqüência eclipsa o próprio filme. Tipo assim: "não podemos fazer assim ou assado, seria contrário aos princípios do filme, George Lucas e seus fãs não irão aprovar". A criatividade, a meu ver, fica ceifada, limitada. Se Luke Skywalker e Mestre Yoda tem "a força" para defender a galáxia, os guardiões tem a anarquia e esta traz um leque muito maior de possibilidades para o espectador.

Os cinco guardiões fazem parte do time "B" da Marvel - cujo sucesso do filme, possivelmente, levará ao estrelato um ou mais deles. Por exemplo, Wolverine ganhou filme solo após os X-men. Assim, não se espante se lançarem uma obra só com o guaxinim Rocket e Groot, ou se Star Lord capitanear "Os Vingadores"...

A comparação entre o que ocorre no filme e na produção cinematográfica hollywoodiana é inevitável: assim como um grupo impróprio se torna guardião da galáxia, um "grupo B" pode se tornar "classe A" ao alcançar ótimas bilheterias e dar lucros aos seus produtores, sem fugir do padrão de qualidade.

Enfim, assim como "Os Vingadores", "Guardiões da Galáxia" é um acerto em quase todos os sentidos. Para mim, chega a ser melhor que aquele, até por abrir horizontes menos terrestres para os heróis. Desligue seu cérebro e a diversão será garantida!


Cotação: êêê (ótimo)




OBS: uma das cenas mais fofas que já vi no cinema é quando o Baby Groot dança Jackson's Five, tendo ao fundo o fortão afiando sua espada. Combinação pop de lirismo e violência perfeita.




 

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