Poema - Medieval



PARTE I

Ao soarem as flautas e clarinetes
já estavam a postos os ginetes.
Foram preparados pelos escudeiros,
santos escudeiros!
Vestiram suas armaduras primeiro,
cotas, brigandinas,
punham elmo, brasão,
loriga, escudo, gibão,
nos cavalos sela e arreio.
No castelo medieval
o Barão, acompanhado da Baronesa,
assiste à partida dos cavaleiros
sem nenhuma surpresa:
há muito já sabia
que perigos seu reino enfrentaria.
O destino já fora traçado,
o clérigo da praga havia alertado,
perigos tantos e mortais
produtos de bruxaria, demonologia,
de bastardos sem alma, animais.
Crianças foram mortas,
ceifadas, sacrificadas,
coitadas, em sua inocência,
as primeiras vítimas da demência.
A maldade que parte em dois
corações de pais e mães,
quando Ela leva seus filhos
de onde, pois, não voltam jamais.
Mas não são só os pequenos
as pessoas atingidas.
Sim, por eles se sente mais tristeza.
Todos, seja da plebe
ou da fina nobreza,
jovens e velhos,
rapazes e donzelas,
ameaçados estavam
pelas mazelas à espreita.
O preto e escuro
usurparam o belo e o vívido,
ultrapassaram do castelo os muros
e roubaram o bem mais protegido;

PARTE II

Os melhores cavaleiros,
- escolhidos a dedo -
partem com espadas, lanças, maças;
só que sua maior força não está no aço
e sim na Santíssima Graça.
Santíssima Trindade
que carregam em cada passo
pedindo o perdão, a salvação
de suas próprias almas
e das pessoas ameaçadas.
Os melhores cavaleiros são homens
dignos, fortes e valentes;
homens de fé, crentes.
A Deus tementes.
Chega a ser surreal
ver homens tão homens
e tão iluminados
prontos a enfrentar perigo tal.
Há neblina na estrada
haja vista ser longa a jornada.
Mas vale a pena partir;
nenhum deles questionou
o motivo da partida,
ou tremeu, a seu tempo,
com o perigo à saída;
Arriado o portão do castelo
como em câmera lenta
correm os cavalos,
cada cavaleiro esbraveja,
range os dentes, desfere golpes ao vê-la.
Mas não adianta força, ferro ou aço.
Nós lutamos contra a morte
sem ter como vencê-la.

Mathias Nelson Faria dos Reis

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