Crítica de Fime - SOMBRAS DA NOITE

Sombras da Noite (Dark Shadows)
EUA, 2012. De Tim Burton. Com Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Helena Bonham Carter e Eva Green. Em 1776, no Maine, homem é amaldiçoado e transformado em vampiro por bruxa. 200 anos depois é acidentalmente libertado. 113 min.


(Vampiros + Bruxas + Fantasmas) x (Comédia + Drama + Terror) x (Tim Burton + Johnny Depp + Helena Bonham Carter) = quase nada

ou

Filme é figurinha repetida no álbum


“Sombras da Noite” é mais uma parceria entre o diretor Tim Burton e seu ator favorito Johnny Depp. Essa parceria já rendeu “Edward Mãos de Tesoura”, “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça”, “A Noiva Cadáver”, “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “Alice no País das Maravilhas” - haja fôlego, porque a lista é extensa. Também integra o elenco a atriz preferida do diretor, Helena Bonham Carter, presente na refilmagem “O Planeta dos Macacos” e nos já citados “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” e “Alice no País das Maravilhas”.

Em “Sombras...”, Johnny Depp interpreta Barnabas Collins, jovem cujos pais construíram uma imensa riqueza com a indústria pesqueira na costa leste dos Estados Unidos, no final do século XVIII. Até que o amor da empregada e bruxa Angelique não correspondido por Barnabas faz com que ela mate os pais dele, a sua verdadeira amada e ainda o transforme num vampiro. Amaldiçoado, infernizado pela bruxa, Barnabas Collins é preso num caixão até que, em 1972, época hippie, é libertado por acaso e parte para o acerto de contas.

O diretor puxa vários pequenos assuntos mas não se aprofunda em nenhum, tornando o filme meio atropelado. Inseriu a velha comédia em que uma pessoa com costumes do século XVIII desperta em plena década de 70 do século XX – idéia batida, mas que ainda tem gás; inseriu um romance que lembra muito “Drácula”, uma vez que o vampiro Barnabas vê na babá do garoto David Collins a reencarnação de sua amada morta pela bruxa, séculos atrás; há ainda um quê de “A Família Addams” no filme, quando comparamos a riqueza e esquisitice dos Collins com os Adams, bem como inimigos que cobiçam seus dons e fortuna. “Sombras...” também trata de um acerto de contas, mas nunca entra no clima de filme de vingança.

O visual do vampiro Barnabas Collins repete aquela brancura cadavérica, os olhos escuros e as roupas aristocráticas dos outros protagonistas dos filmes do diretor. Sua figura taciturna dá idéia de que, de alter-ego do diretor Tim Burton, esses personagens interpretados por Johnny Depp vêm-se transformando numa obsessão.

Helena Bonham Carter , além do mais, faz um papel coadjuvante, que poderia ser feito por outra atriz. Não que ela esteja mal, ou seja má atriz; longe disso. Mas o que custa escalar uma outra atriz ou outro ator, só pra variar um pouco? Essa teimosia do diretor por caras repetidas já rendeu o que podia.

O filme ainda perde por não se definir entre comédia, drama e terror e por ficar entre filme de efeitos visuais e “filme de autor”. Obras assim tendem a fracassar na bilheteria, por não mirarem num público certo. São sempre um risco. Com “Sombras da Noite” não foi diferente. O filme não foi bem de bilheteria e de crítica. Ajudaria, pelo menos em termos de crítica, se o enredo fosse bom. A história quer abraçar muitas coisas e termina deixando-as escapar, restando pouca coisa boa.

Tim Burton é um bom diretor – não é excepcional. Mas dessa vez, a figurinha do albúm veio repetida. Ele entregou uma obra irregular, como se não importasse outra coisa que não o “modo de fazer cinema de Tim Burton”. O enredo, aqui, é mais fraco que a média dos filmes do diretor, resultando em um filme bobinho. Maquiagem, figurinos e direção de arte, sempre bons, nem mais surpreendem. Enfim, sua fórmula dá tantos sinais de cansaço quanto os “big brothers” e “fazendas” da TV.



Cotação: ê (regular)


Assistido em 28/06/2012 em São Luís-MA.

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