Crítica de filme - KING KONG (2005)
King Kong (idem)
EUA,
2005. De Peter Jackson. Com Naomi Watts, Jack Black e Adrien Brody. Em ilha remota, gorila
gigante captura a atriz principal de equipe de filmagem. 187 min.
Filme se perde no exagero
Depois
do sucesso da “trilogia dos anéis”, Peter Jackson se tornou um dos mais
poderosos diretores de Hollywood. Seus três primeiros trabalhos foram “Trash –
Náusea Total”, “Meet the Feebles” (segundo consta, um filme com bonecos nada
ortodoxo) e o splatter movie “Fome Animal”, este um dos principais filmes trash
já feitos, no sentido “trash” mesmo do termo. A origem da carreira de Peter
Jackson, desse modo, está ligada ao cinema trash. Posteriormente ele dirigiu “Almas
Gêmeas”, com Kate Winslet, filme que foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro, e
foi aí que Peter Jackson passou a ser conhecido fora do círculo dos filmes de
terror. Sua estréia em Hollywood foi com “Os Espíritos”, mistura de comédia e
terror e relativo sucesso de crítica e público, de 1996, com Michael J. Fox no
elenco.
Com
“O Senhor dos Anéis” ganhando uma penca de Oscar e arrecadando centenas de
milhões de dólares mundo afora, proporcionando lucro extraordinário, Peter
Jackson tornou-se um diretor de sucesso à toda prova. É o típico “quem te viu,
quem te vê”. Por isso, foi contratado para dirigir a terceira versão de King
Kong, o gorila de 7 metros de altura que vive em uma ilha isolada e se apaixona
por bela mulher loira, atriz principal do filme que leva uma equipe de filmagem
até seu habitát. Se a segunda versão de
King Kong, de 1976, já ficava a léguas de distância do clássico de 1933, a
expectativa era de que Peter Jackson fizesse um filme não igual, mas à altura
do original.
Fay
Wray e Jessica Lange fizeram o papel principal nas versões de 33 e 76, respectivamente.
Notabilizaram-se por esse papel e se revelaram grandes estrelas do cinema.
Dessa vez o papel da loira coube a Naomi Watts, que não se sai mal, mas só o
tempo dirá que rumos sua carreira tomará.
Apesar
da história de “King Kong” ser uma das mais populares entre o grande público do
cinema, o roteiro é diferente da versão de 1976, dirigida por John Guillermin (“Inferno
na Torre”), já que Peter Jackson optou por filmar a história como passada nos
anos 30, e não na atualidade. Na Nova Iorque da década de 30, o diretor de
cinema Carl Denham (Jack Black), de posse de um mapa que mostra uma ilha
misteriosa e desconhecida – a fatídica Ilha da Caveira, perdida no tempo e no
espaço – decide lá produzir seu maior filme. Junto com ele, seus assistentes e
a tripulação, seguem Ann Darrow (atriz principal escolhida às pressas por Carl)
e o roteirista Jack Driscoll (Adrien Brody, Oscar de Melhor Ator por “O
Pianista”). Chegando à Ilha da Caveira, Ann é raptada por nativos e oferecida
como sacrifício a King Kong.
Se
cada filme da “trilogia dos anéis” tinha mais ou menos 3 horas, com “King Kong”
não foi diferente: são mais de três horas de filme. Para se ter uma idéia, os
personagens só chegam à Ilha da Caveira após 60 minutos de filme. O macaco
gigante só aparece com uns 80 minutos. Aí reside a gênese dos problemas que
comprometem o filme, pois a duração longa dilui seu centro de interesse: a
relação entre King Kong e Ann.
Peter
Jackson tem se mostrado vidrado em câmera lenta e em cenários grandiosos
construídos por computação gráfica. Várias vezes, fica a impressão de que os
personagens só fazem alguma coisa com o objetivo de explorar cenários e efeitos
especiais. Um exemplo é na cena final, em que Jack sobe junto de Ann no alto do
Empire State Building, em Nova Iorque. Qual a função ou efeito disso para a
história? Nenhum. Mas isso é apenas uma parte dos problemas, pois só denota o
estilo over e exagerado do diretor que termina por contaminar e comprometer seu
filme. Sua estética soa forçada; em cada cena o espectador é bombardeado pela
ação exagerada e pelo visual, que de tão bem produzido, torna-se brega.
Canibais
não são o único perigo da Ilha da Caveira e King Kong não é o único animal
extraordinário que lá vive. Lá coexistem dinossauros, insetos gigantes,
morcegos gigantes, etc. King Kong enfrenta, para salvar a loira, por exemplo,
três tiranossauros – ao mesmo tempo. E tem mais: eles ainda despencam em um
penhasco e se penduram em cipós gigantes fortes o suficiente para aguentar
tantas toneladas. Essa cena de ação dura bastante tempo. Equipe de filmagem e
tripulação do navio, por exemplo, são atacados por centopéias, lesmas, baratas
e sanguessugas gigantes, em cenas longas e frenéticas. A todo tempo os
personagens e o macaco gigante enfrentam perigos.
O
tempo gasto com cenas de ação exaustivas são o que torna o filme longo, e não
um aprofundamento do enredo. Peter Jackson não se deteve em coisas
interessantes, preferindo gastar minutos e minutos mostrando coisas como
correrias, danças de nativos e efeitos especiais. E quando se trata de
efetivamente desenvolver a história e seus personagens o roteiro se perde em
alguns furos. Por exemplo, por que Carl Denham escolhe levar logo King Kong
para Nova Iorque, e não um morcego gigante, um dinossauro ou mesmo uma barata
gigante, que também causariam grande impacto e valorizariam sua empreitada?
Porque, se fosse assim, como disse o outro, o filme se chamaria “Baratong”.
Cotação:
ê (regular)
Assistido
em 19 de dezembro de 2005.
1 comentários
como fariam para atrair o dino,o kong tava a fim da mulher presa facil.
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