Crítica de Filme: A VIAGEM (2012)
A Viagem
(Cloud Atlas). Alemanha/Cingapura/EUA/Hong Kong, 2012. De Tom Tykwer, Andy Wachowski e Lana Wachowski. Com
Tom Hanks, Halle Berry, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Ben Wishaw e Hugh Grant.
“A
Viagem” traz seis histórias paralelas, de meados do século XIX a um futuro
distante. Elas não se cruzam, mas em todas vemos pessoas às voltas com decisões
que requerem coragem e rompimento com uma ordem vigente, em nome de algo maior.
Uma
das histórias adentra nos gêneros ação e ficção científica (protagonizada por James
D’Arcy e Xun Zhou, um clone); a estrelada por Jim Broadbent é uma comédia
mais leve, na qual seu personagem tenta escapar de um asilo. Mas a melhor é a
que tem Tom Hanks e Halle Berry, em um futuro distante, nas ilhas do
Havaí. Ele é um nativo das ilhas e ela um ser humano de outro planeta.
Em
todas as histórias a direção é segura e o entrelaçamento entre elas, ao longo
do filme, só faz ressaltar a qualidade dos três diretores. O início de cada
história coincide com o início das demais, de maneira que a certa altura não
temos um só clímax, mas vários, um seguido do outro. Seria algo como assistir
seis histórias ao mesmo tempo. Essa experiência incomum e a bela mensagem que o
filme transmite o tornam gratificante.
Uma
grande sacada de “A Viagem” foi fazer com que cada ator interpretasse vários
personagens, nas diferentes histórias, em épocas e locais distintos. Só um
excelente elenco poderia dar conta disso, mas as palmas vão também para a
maquiagem.
Obs.:
Há uma cena em que o carro dirigido por uma jornalista despenca da ponte e cai
no mar. É um primor de realização técnica. Não me lembro de ter assistido uma
cena de acidente de carro tão bem feita.
Cotação: êêêê (excelente)
3 comentários
Mathias, como não acompanhei os outros posts, fiquei bastante surpreso com as notas que você deu para os filmes neste gadget que você pôs aqui no blog. Discordamos em quase todos os filmes. Gosto bastante do seu modo de análise porque você demonstra, através dele, que teve uma enorme concentração enquanto assistia aos filmes. Você destaca coisas que somente um crítico profissional aponta. Mas vendo esse panorama de notas me chamou atenção que as notas maiores ficaram pra filmes de gêneros e estilos que você gosta, tendo sido crítico demais com os que não se encaixam nesses perfis. Eu sei que é um blog, e portanto uma coisa mais pessoal, e você não tem obrigação de fazer estas análises profissional e imparcialmente, mas ainda assim fiquei surpreso. Tipo: "Avatar" nota 2? "Batman - O Cavaleiro das Trevas" nota 6? "Cisne Negro" nota 5? De qualquer forma, viva a diversidade de opiniões; sem ela, não haveria debate de ideias.
ResponderExcluirVerdade, Rivaldo! Achei ótimo você ter se expressado aqui no blog. Isso só faz enriquecê-lo e incita ao debate, o que é ótimo. Aliás, a opção do leitor poder dar nota aos filmes visa principalmente fomentar um debate e aproximar o que eu escrevo com o que as pessoas pensam.
ExcluirBom, quanto a “Avatar”, “Batman” e “Cisne Negro”, os três tem em comum o fato de estarem entre os queridinhos da nova geração. Mas nenhum deles é unânime. “Avatar”, sobre o qual já escrevi, tem roteiro repleto de clichês e direção pesada, coisa que os efeitos especiais não conseguiram esconder. Dei-lhe nota 2 por que? Só por isso? Não, também porque quando maiores as intenções (e orçamento) de um filme, e mais distante ele fica delas, maior a queda. Em “Batman” eu não vi nada que o distinguisse da média dos filmes do personagem em quadrinhos, tanto que lhe dei nota “6”. Uma coisa que me incomoda nos filmes do Batman e que nunca entendi é por que Gotham City é, ao mesmo tempo, tão corrupta e tão rica. Isso me parece um contrasenso, pois quanto mais corrupta uma nação é, mais ela tende a ser pobre, e, mais pobre fica quando a corrupção se dissemina. Já “Cisne Negro”, apesar de ter uma ótima interpretação da Natalie Portman, pareceu-me ter uma história muito infantil e pouco abrangente.
Tentei padronizar as notas da seguinte forma, embora não rigorosamente: para filmes “ruins”, dou nota 1 ou 2; “regulares”, 3 ou 4; “bons”, 5 ou 6”; “ótimos”, 7 ou 8; e “excelentes”, 9 ou 10. Portanto, “Batman” e “Cisne Negro” ficaram na média...
Quando eu avalio um filme negativamente, não quero dizer: “não o assista” ou “você não irá gostar”. Tem pessoas que gostam de comédias românticas, outros de filmes de ação, outros de suspense. Uns preferem filmes de exercício de estilo, já eu prefiro àqueles que tragam grandes mensagens e nos façam refletir. Por isso, antes de recomendar um filme à alguém, procuro saber o gosto daquela pessoa. Fica muito mais fácil acertar a indicação, quando se conhece o tipo de filme de que determinada pessoa gosta.
Enfim, obrigadão pelo comentário amigo, você está certo no que comentou. Abração!!!
Entendi seu parâmetro de classificação e concordo quanto a "Avatar". Acho que a mídia forçou bastante, o que acabou contribuindo pra que este fosse o filme de maior bilheteria da História. O filme deixa muito a desejar e em nada supera outras centenas de filmes meia-boca que já foram lançados por aí.
ExcluirAgora, nós fundamentalmente discordamos quanto a "Batman" e "Cisne Negro", que são filmes muito densos, que mergulham muito num estado subjetivo de entendimento - "Cisne Negro" mais que "Batman", já que este último desenvolve esses aspectos utilizando o suspense e, principalmente, a ótima atuação do Heath Ledger. Quanto a Gotham ser um paradoxo corrupção x riqueza, e o nosso Brasil? 6a maior economia do mundo, mesmo com tantos desvios, desmandos e cara-de-pau de nossos políticos e inércia de nossa Justiça?
Abraço