Crítica de filme - O Divo



O Divo (Il Divo). Itália, 2008. De: Paolo Sorrentino. Com Toni Servillo. 110 min.


"Il Divo" ou "O Divino" era o como alguns italianos se referiam a Giulio Andreotti (1919-2013). Andreotti foi várias vezes primeiro-ministro, ministro de várias pastas e um dos líderes da Democracia Cristã, que dominou a política italiana do pós-guerra até os anos 90.

Se para alguns Andreotti era "O Divino", para outros era "O Papa Negro", dadas as ligações com a máfia e com um assassinato - acusações das quais terminou inocentado. Fato é que Andreotti dominou a política italiana junto com seu partido, condensando o bem e o mal que a política traz - a complexidade que é o poder.


Paolo Sorrentino (A Grande Beleza) retratou Giulio Andreotti como um homem discreto, elegante, formal, inteligente e "de alguns gracejos". O diretor e roteirista não esconde sua admiração pelo personagem - ou pela política que ele fez. Andreotti é dedicado e íntegro no que faz; após tantos anos no poder e cargos públicos ocupados, sobreviveu incólume aos vários gabinetes e quedas de políticos que marcaram a política italiana do pós-guerra. Concentrou o filme no choque que foi a morte do ex-primeiro-ministro Aldo Moro nas mãos de grupos terroristas, em 1978, quando Andreotti era o primeiro-ministro do país, e na Operação Mãos Limpas que, no começo dos anos 90, investigou centenas de políticos italianos, entre eles o próprio Andreotti.

A sucessão de nomes e fatos prejudica um entendimento maior do filme - apenas quem conhece a história recente da Itália não se perderá em meio a tantos nomes. Mas "Il Divo" é muito bem filmado. Sorrentino inseriu no conservadorismo político, na máfia e no papado - ambientes perfeitos para uma trilha sonora clássica - músicas pop. De forma que a austeridade dos cenários, fotografia e iluminação e a ótima interpretação de Toni Servillo contrastaram muito bem com as inserções pop.

Cotação: êêê (ótimo)



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