Crítica de filme - Viagem ao Princípio do Mundo
Viagem
ao Princípio do Mundo (Idem). França/Portugal, 1997. De: Manoel de Oliveira. Com Marcello Mastroianni e
Jean-Yves Gautier. 95 min. Ator francês, de pai português, visita o vilarejo
onde nasceu seu pai.
Neste
filme, um ator francês, acompanhado de um velho diretor nascido em Portugal -
Marcello Mastroianni - mais duas pessoas, aproveita a passagem pelo país para
visitar o lugar onde seu pai nasceu e conhecer sua tia paterna.
O
diretor se chama Manoel, e é claramente o próprio Manoel de Oliveira,
interpretado por Marcello Mastroianni. Assim, as falas do personagem são claramente autobiográficas, mostrando um senhor no outono da sua vida
discorrendo sobre a vida e a memória, particularmente a infância e juventude.
Manoel
de Oliveira (1908-2015) dirigiu "Viagem..." já com quase 90 anos,
tendo, entretanto, dirigido curtas até os 105 anos de vida. Longa vida dedicada
ao cinema. O "Manoel" do filme tem consciência da velhice e da finitude
da vida, e talvez por isso mesmo nutra uma paixão pelo que viveu e pelo que
ainda viverá. Suas recordações e análises são simples, serenas, assim como o
filme. Nada pomposo ou enigmático. Em certos momentos, o personagem, quando
questionado pelos amigos, responde com um fácil sorriso e um "não
sei".
O
filme trabalha muito bem a história como memória e como mentalidade. Outro
ponto a seu favor é a presença de Marcello Mastroianni, em seu último filme,
quando já estava com câncer; pouco depois das filmagens, morreria aos 72 anos.
Ele e Manoel de Oliveira são dois monumentos a ensinar sobre a serenidade da
velhice e a beleza que é a vida.
Cotação:
êêê (ótimo)
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