Resident Evil 6: O Capítulo Final e o um esboço de filme-série



Resident Evil 6: O capítulo final (Resident Evil: The Final Chapter). Alemanha / Austrália / Canadá, 2016. De Paul W. S. Anderson. Com Milla Jovovich e Iain Glen.

Gênero: Ação / Ficção Científica / Terror


Os filmes-série em debate


"Resident Evil" caminha para seu sexto e final episódio com as mesmas características dos anteriores: mistura de terror com ação, ritmo super rápido, roteiro cheio de furos, personagens e situações secundárias sem sentido e mal desenvolvidos...

 

Algumas coisas mudam nesse "capítulo final". A fotografia e as cenas de ação estão piores. A primeira mais escura e a segunda pior dirigida que de costume. Para melhor, temos que só agora, na sexta versão, a história é realmente explicada: o surgimento do T-vírus e o apocalipse zumbi, o papel de Alice e do Dr. Isaacs, o que é realmente a Umbrella Corporation, etc. Enfim, tudo que podia — e deveria — ter sido explicado para o espectador nos primeiros filmes é deixado para o capítulo final. Lembrando que "Resident Evil" é filme, e não série, pois, se assim fosse, talvez fizesse algum sentido explicar no fim. Assim, se desenvolve um novo-conceito: o de filme-série, nem um pouco promissor no caso em questão. Esboçando um conceito para essa figura híbrida, o filme-série, fica mais ou menos como algo produzido para a tela grande, mas em quantidade indeterminável, a ser definida conforme o sucesso obtido pela equipe envolvida: quanto maior o sucesso do formato e a disposição dos principais envolvidos em continuar, maiores as chances de retornar. E, também, enquanto o público não cansar dos mesmos rostos no elenco e da mesma concepção fílmica.

Assim acontece com filmes de super-heróis na atualidade, como: "Batman" (três filmes de Tim Burton bastante diferentes dos três de Christopher Nolan); "Superman" (do "superman" Christopher Reeve em 1978 ao "homem de aço" Henry Cavill em 2013); "Homem-Aranha" (dos três filmes do diretor Sam Raimi, com Tobey Maguire e Kirsten Dunst, a "O Espetacular Homem-Aranha" com a dupla Marc Webb-Andrew Garfield). Os exemplos são muitos. Não se trata de refilmagens, releituras, remakes, mas de mudanças na concepção do material que ignoram tudo o que foi feito antes.

No caso, "Resident Evil" muito põe de lado os acontecimentos dos filmes anteriores. Provavelmente se você os assistir em seqüência — eu ainda não o fiz, mas pretendo — não terá uma idéia do todo, tamanhos os rombos na continuidade. Isso não se dá por causa do conceito esboçado no parágrafo anterior; afinal, se trata de uma mesma série de filmes, com a mesma equipe.

De qualquer modo, "Resident "Evil" tem um público cativo de espectadores. As cenas "maneiras" de ação, o clima de sci-fi com terror e a atriz Milla Jovovich criaram um público fiel. Resta ver se esse será, de fato, o capítulo final. A julgar pelo fim do filme, não parece ser. Outro "Resident Evil" com novo elenco e concepção podem surgir, sem Paul W. S. Anderson como diretor e Milla Jovovich como protagonista.

Paul W. S. Anderson dirigiu quatro "Resident Evil": o primeiro, quarto, quinto e sexto, além de ter assinado o roteiro de todos os seis. É hoje, com certo exagero, considerado um dos piores cineastas de todos os tempos, ao lado de Uwe Boll e Ed Wood. Mas quando ainda assinava Paul Anderson ele teve um grande sucesso, que o catapultou para filmes mais ambiciosos: "O Enigma do Horizonte" (Event Horizon, 1997), ficção científica lançada no mesmo ano de Gattaca, Tropas Estrelares, Contato e O Quinto Elmento. Tantos bons nomes lançados no mesmo ano ofuscaram "O Enigma...", que fez menos sucesso que merecia.

Cotação:  (ruim)

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