Crítica de filme: Going Clear: Scientology and the Prison of Belief
Going Clear: Scientology and the Prison of Belief (Idem). Estados Unidos, 2015. De Alex Gibney. Com Paul Haggis, Jason Beghe, Spanky Taylor, Lawrence
Wright, John Travolta, Tom Cruise, David Miscavige e L. Ron Hubbard. Documentário. 119
min. Relatos de ex-adeptos sobre práticas ilegais e abusos da Cientologia.
A primeira parte do documentário é a melhor,
quando trata sobre o fundador da Cientologia, L. Ron Hubbard, e algumas das características
– estranhas e intricadas – da doutrina. Depois o filme cai, ao passar para aspectos
polêmicos, denunciando supostas práticas ilegais de membros da Cientologia,
como chantagens, intimidação, abusos físicos e morais, espionagem, etc. Nesse
meio tempo, o filme analisa o papel de astros como John Travolta e Tom Cruise
na divulgação da Cientologia.
Quase todo o documentário foca em
depoimentos de ex-membros da religião. Seria bom depoimentos de terceiros
não envolvidos, como cientistas, teólogos (para explicar por
que a Cientologia é uma religião), contadores (seria a cientologia uma grande máquina
de lavagem de dinheiro?); depoimentos técnicos enriqueceriam a análise. Resulta
que o documentário ficou muito testemunhal, em sua maior parte pessoas falando
sobre sua (má) experiência com a Cientologia. Um assunto ou objeto que é
contemporâneo, presente (como não é o caso, por exemplo, do Holocausto ou das
duas bombas atômicas, que aconteceram, deixaram vestígios e testemunhas, mas
pertencem, agora, ao passado), pode e deve ter outras formas de abordagem. Os
documentos receberam pouca atenção em comparação às entrevistas; não as
acompanham. A intenção do filme é, sem dúvida, denunciar supostas práticas
ilegais da Cientologia. Mas é como se colocasse a carroça na frente dos
bois: não esclarece algumas coisas básicas da Cientologia, não situa o
espectador, no fim das contas. Falta algo a mais, principalmente para os
leigos.
O documentário não deixa claro, enfim,
algumas coisas sobre essa estranha religião ou organização, ou porque não consiga
se comunicar eficazmente com o espectador, ou porque a Cientologia não faça mesmo o menor sentido, ou, talvez, porque ela seja tão fechada que não se saiba
como funcionam as coisas lá dentro.
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