Crítica de filme: Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
Valerian
e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a
Thousand Planets). Estados Unidos / França, 2017. De Luc Besson. Com Dane
DeHaan e Cara Delevinge. Ação / Aventura / Ficção Científica. Agente espacial e
parceira atuam em intricada investigação que envolve um planeta destruído e uma
criatura única.129 min.
Luc
Besson é respeitadíssimo na ficção científica, não pelo recente Lucy (2014), mas por O Quinto Elemento (1997). Em Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, podemos
admirar, mais uma vez, toda a criatividade do cineasta para a ficção científica.
Ele cria espécies e ambientes numa explosão de ideias que gera um universo
muito maior que, por exemplo, o de Star
Wars. É como se O Quinto Elemento
fosse apenas um preâmbulo do que nos mostraria vinte anos depois, em parte graças
à evolução dos efeitos especiais.
Podemos
fazer uma analogia com os desfiles das escolas de samba: o luxo dos desfiles
atuais é muito maior que há trinta anos. As agremiações ano a ano apresentam desfiles
mais chamativos e coloridos e com materiais que dão mais efeito, chamam mais
nossa atenção. Nesse sentido, as pérolas da criação de Luc Besson são O Mercado
Universal, onde compradores e vendedores de todo o universo se reúnem, e a Estação
Espacial dos Mil Planetas, onde povos de toda galáxia fazem diplomacia e troca
de conhecimentos. Eles são como o Mercado Municipal de São Paulo ou a cidade de
Nova Iorque – isto é, lugares onde se vê de tudo – ampliados à centésima
potência.
Se
o luxo aumentou, pode-se argumentar, os enredos mantiveram-se no mesmo patamar
ou, infelizmente, decaíram. Valerian
não traz nada de novo, ou pelo menos um novo reinventado. Seu começo, por
exemplo, reinventa – um pouco, vá – o ballet espacial de 2001 – Uma Odisséia no Espaço, substituindo a valsa clássica por “Space
Oddity”, de David Bowie. Pena que esse início seja curto e o filme perca muitos
minutos com coisas menos interessantes.
Algumas
passagens alongam o filme e são desnecessárias para o roteiro. A recorrente briguinha
homem-mulher é um exemplo, mas a maior é a personagem “Bubble”, interpretada
por Rihanna. Ela e o contexto em que surge são desnecessários, pouco relevantes
para a trama. É de se perguntar seriamente se a cantora e sua personagem estão
no filme apenas para promove-lo. Um exemplo recente em que isso aconteceu, de
um terceiro entrar de paraquedas, foi o coringa em Esquadrão Suicida, cuja presença serviu apenas para fisgar pessoas apaixonadas
pelo personagem.
Enfim,
a história não interessa tanto, e sim o desfile. Como ocorre nestes, existem
aqueles loucos pela atenção, em ver seu rosto na TV. Valerian é um prato cheio para eles.
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