Balanço dos filmes - setembro/2017



Filmes assistido em setembro de 2017



Amadeus:
Krull:
Death Note (2017):
Madre:

Patterns of Evidence: Exodus:
Mãe!:
Primeiro Verão:

 
Balanço Geral:

Setembro foi fraco em termos de filmes. Tanto em quantidade como em qualidade. Em relação a esse segundo quesito, conversando com um colega, disse a ele que estou com azar, que minhas escolhas recentes para filmes foram infelizes: a maioria dos filmes que tenho visto é ruim ou medíocre. Ele me respondeu que isso não é só comigo, é geral, os lançamentos estão mesmo uma porcaria. Realmente, Hollywood tem lançado continuações e releituras com ares de superprodução, produtos de segunda com propaganda de primeira. Existe uma crise criativa clara.

Não que eu não tenha tentado fugir de Hollywood. Tentei. E isso se deu com o chileno Madre (2016), disponível na Netflix. Assisti a ele pensando ver algo pelo menos um pouco diferente, o que não se sucedeu. A película de suspense/terror é pior que o que Hollywood tem oferecido. Conta a história de Diana, jovem mãe de um garoto autista agressivo, e que está às voltas com outra gravidez. Sobrecarregada e com o marido viajando a trabalho no exterior, ela tem cada vez mais dificuldade em controlar a agressividade do filho Martin. Está prestes a surtar, até que surge em sua vida Luz, uma senhora filipina que teve um filho autista, e que aceita cuidar da casa e do garoto, com a condição de que sua comunicação com ele seja em filipino, e não em espanhol. Logo Luz se torna uma benção na vida de Diana, cuidando da casa e fazendo progressos com Martin, que começa a superar o autismo e se socializar. Mas, com o tempo, Diana começa a desconfiar das boas intenções de Luz.

Madre tem cenas risíveis, por serem malfeitas e por furos no roteiro. Um exemplo de cena malfeita é quando Diana faz uma chamada de video para seu marido, executivo a trabalho no Japão, e na conversa, pergunta se ele a está traindo. Ele nega. Terminada a chamada, a câmera se desloca para o lado, onde está a amante, numa cena que parece vinda de um programa de humor como Casseta & Planeta. Além disso, a atriz que interpreta Luz não se sai bem, está sempre com a mesma expressão e voz, e uma dicção ruim. Apesar do filme prender a atenção e criar um certo clima, a resolução é bem insatisfatória. Pior ainda, Madre mostra-se um filme preconceituoso, pois é visível o preconceito dos chilenos – que se vêem às portas do mundo desenvolvido – contra os filipinos, à semelhança dos norte-americanos para com os latinos. Os filipinos não falam bem o espanhol, são trabalhadores ilegais e subalternos no país e são dados a crendices, magia negra, etc. Pode até parecer que eu esteja sendo politicamente correto, mas não. A coisa aqui salta aos olhos. É o típico caso de oprimido (Chile, país subdesenvolvido até uns vinte anos atrás) que, quando ascende (enriquece), se torna opressor, tal como aqueles que o oprimiam.

O documentário que assisti foi Patterns of Evidence: Exodus (sem título em português). Nele, um jornalista investiga evidências históricas sobre o êxodo dos judeus do Egito para Canãa. Entre suas principais descobertas, está a de que o faraó do período não foi Ramses II, foi outro. É um documentário interessante, embora um pouco longo e cansativo. Parece-me que a pesquisa do jornalista rende um bom livro, mas não um bom documentário, pois em duas horas é impossível passar muita informação. Mais interessante que ele, e mais curto, é o documentário O Êxodo Decodificado, filme que, usando várias técnicas cinematográficas, diz que as pragas lançadas contra o Egito foram, na verdade, consequências da erupção do vulcão Santoríni, no Mar Egeu.

Sobre Death Note, outro filme que assisti da Netflix, não há muito a comentar além da crítica que fiz sobre o filme. A impressão que tenho é que a Netflix tem dinheiro, tem vontade, e quer fazer filmes, mas não cinema. Já estou com um pé atrás nas suas produções.

Mãe! é dirigido por um dos diretores queridinhos das novas gerações, Darren Aronofsky, mas que não é muito do meu agrado. Não gostei das suas obras A Fonte da Vida (ruim) e Cisne Negro (regular), obras anteriores do diretor. De qualquer modo, o trailer me trouxe interesse pelo filme, e, mesmo tendo essas experiências não muito boas com o diretor, há que se dizer que ele arrisca e foge um pouco do mainstream.

Mãe! é como seus filmes citados acima, prolixo e por vezes pernóstico. Como muito a crítica especializada comentou, é oito ou oitenta. Eu gostei, embora o filme tenha partes inspiradas e partes desarrumadas. No geral, vale a pena, seu trabalho merece ser conferido, e que cada espectador tire sua conclusão.

As melhores cotações foram para dois filmes antigos, dos anos 80. Amadeus é de 1984 e levou os Oscar de filme, diretor (Milos Forman), ator (F. Murray Abraham) e roteiro, e mais outros quatro. Não é propriamente uma biografia de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), mas uma contraposição entre sua genialidade divina e a mediocridade do esforço humano do compositor oficial da corte do Rei José II da Áustria, Antonio Salieri. Salieri (F. Murray Abraham) é um personagem ambíguo, que, contraditoriamente, é o maior fã e o maior inimigo de Mozart. Sua inveja o consome, mas não o impede de admirar o que mais inveja: a genialidade e a facilidade de Mozart com a música.

O filme tem números musicais excelentes, mescla muito bem as composições de Mozart com a sua vida pessoal. Fez tanto sucesso que, além dos vários Oscar que arrebatou, sempre esteve presente nos primeiros lugares nas listas dos melhores filmes de todos os tempos de meados dos anos 90. Atualmente ocupa a posição 83 no IMDB, com nota 8,3.

É de percebermos e revisarmos a atuação de Tom Hulce como Mozart, um papel dificílimo.

O outro filme “oitentão” que vi foi Krull, de 1983. Ele marcou minha infância como poucos. Até hoje, é um dos melhores casamentos entre RPG e cinema – embora nessa época pouco se falasse de RPG, ainda mais no Brasil. O filme tem muitas cenas memoráveis, que são um primor, e algumas meio toscas. Exemplos de grandes momentos: o gigante ciclope que sabe o dia da sua morte; a viúva da teia de aranha, seu antigo amor e a ampulheta do tempo; o velho e frágil mago com poder de clarividência. Mantém-se como uma boa aventura (com momentos de violência mais pesados que os habituais). Na parte técnica, como nas lutas e efeitos visuais, envelheceu, mas temos que dar uma colher de chá no primeiro aspecto: depois de Matrix, as cenas de luta no cinema nunca mais foram as mesmas.

Para finalizar, assisti Primeiro Verão (Presque Rien), produção franco-belga de temática GLS do ano 2000. Conta a história de dois jovens, Mathieu e Cedric, que vivem uma relação durante as férias numa região litorânea da França. Sua história bonita não é muito bem amarrada. Assim, é interessante, mas não se distingue da média. Como diz um amigo meu, todo filme gay tem dois senões: ou não têm um final, ou o final é triste, trágico. Primeiro Verão se encaixa na primeira categoria.

You May Also Like

0 comentários