Crítica de filme: Chocante



Chocante (Idem). Brasil, 2017. De Gustavo Bonafé e Johnny Araújo. Com Bruno Mazzeo, Lúcio Mauro Filho, Bruno Garcia e Marcus Majella. Integrantes de “boy band” dos anos 90, de um único sucesso, reúnem-se depois de 20 anos. Comédia. 94 min.




A ideia do filme não é nova, mas já merecia sua “versão brasileira”. Nele, depois de 20 anos, ex-integrantes de uma “boy band” que fez sucesso nos anos 90 tentam ressuscitar o grupo, quando se reencontram no velório de um deles, chamado Tarcísio. Todos, exceto Tim – que virou médico do Detran - estão na pindaíba: Téo trabalha com cinema (isto é, filma casamentos e batizados), Clay com marketing (é locutor de supermercado) e Tony com transporte (motorista de uber).

A banda teve um único sucesso, a grudenta e horrorosa “Chocante”, composta especialmente para o filme. Como o grupo surgiu nos anos 90, temos então direito a playback, banheira do gugu, pintinho amarelinho e tudo mais, numa singela homenagem a essa época trash. Sim, o grupo “Chocante” é levemente inspirado nos grupos Dominó e Polegar, que tiveram seu auge no início dos anos 90, para depois sumir. E curiosidade: o tecladista Alan Frank, do Polegar, depois tornou-se médico oftalmologista, tal como o personagem de Lúcio Mauro Filho. Assim, a música “Tô P. da Vida”, do Dominó, não está na trilha sonora do filme por acaso.

E não é que Chocante funciona bem? O filme tem várias qualidades, e uma delas é Sônia Abraão interpretando ela mesma, quando noticia o falecimento de Tarcísio em seu programa. Isso não tem preço e dá uma ideia do quanto o trash pode ser gostoso, basta buscarmos seu encanto. O elenco é ótimo e está super entrosado, com destaque para Marcus Majella, que faz Clay, o ex-pegador que “mudou de lado”. Tony Ramos ainda aparece numa ponta caricato, mas divertido.

Por fim, Chocante relembrou Ainda Muito Loucos, filme britânico de 1998 no qual os integrantes da banda de rock “Strange Fruit” reúnem-se depois de vinte e poucos anos do término do grupo. O filme brinca com a velhice e o anacronismo dos roqueiros, numa clara alusão ao retorno de Mick Jagger, Keith Richards e Cia., que estava em evidência na época. Assim como os “Strange Fruits” recebem um cara da nova geração para substituir um integrante, “Chocante” recebe Rod, personagem de Pedro Neschling.

Cotação: 

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